Análise Assassin's Creed Odyssey

Análise Assassins Creed Odyssey

Data de lançamento: setembro de 2018
Disponível para: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series S e X, Switch
Jogado no PS4

A Ubisoft nos últimos anos tem tentado reinventar algumas novidades em suas franquias e Assassin's Creed não ficou de fora e depois do lançamento do Origins no novo formato, veio o Odyssey mantendo a mesma pegada de RPG e com algumas pequenas alterações.


Este game se passa na Grécia antiga mais especificamente em 431 a.C. em meio a Guerra do Peloponeso, com o conflito entre Atenas e Esparta. Você assume o papel de uma criança abandonada e que cresceu no meio desse caos da guerra com tanta violência e atrocidades. Seu personagem é um misthios (mercenário) que pode ser escolhido entre um homem de nome Alexios ou mulher chamada Kassandra, que deve desbravar seu futuro nessa odisséia em busca de revelações e descobertas referentes ao seu passado e acabar com um culto misterioso que tem planos alternativos para a guerra.
A narrativa da sua aventura principal é interessante, engraçada em muitos momentos e repleta de diálogos com diversas escolhas e algumas afetando diretamente seu jogo. Só que ainda precisam melhorar muito as missões secundárias e as que aparecem em tempo real, afinal são bem repetidas e quase diferem em nada uma das outras, seja na conversas (isso quando tem) e no que fazer. Destaco os relacionamentos que seu personagem pode ter como um ponto fraquíssimo, não afetando em nada sua trajetória, bem diferente do que é visto por exemplo em The Witcher 3. 
 
Ambos personagens possuem uma águia chamada Ikaros que conforme de costume nos jogos da Ubisoft serve para fazer uma análise completa do terreno ao seu redor em busca de inimigos, suprimentos ou objetivos de missões, além de deixar marcado os mesmos no mapa. Você pode controlar esta águia e voar pelos céus em busca de conhecimento ou até para desferir ataques em seus inimigos, lhe causando danos e usando como distração se quiser para seu assassino passar despercebido.


No início do jogo já te colocam em uma pequena ilha e nela você deve aprender os fundamentos básicos do jogo, como os ataques e defesas, entender o funcionamento da sua barra de energia para uso de habilidades e escolher seus itens ideais para uso.
É jogo em si é bem fácil de enfrentar qualquer tipo de oponente por isso recomendo colocar numa dificuldade mais elevada. Após os primeiros passos de saber atacar e defender você já consegue se virar bem por todo o jogo o que acaba se tornando um pouco chato, afinal o básico do tutorial já lhe ensina o que é permitido fazer em todo o combate.
Um ponto a favor são as armas de ataque que vão desde leves como espadas e adagas, mais pesadas com maças, foices, machados, martelos e de média distância usando as lanças e bastões; cada tipo variando com golpes que tiram mais HP ou menos, são mais rápido ou lentos e assim por diante. Essas variações são fundamentais pro funcionamento do jogo, que dão ao jogador mais poder de escolha diante do perigo. E uma coisa no mínimo curiosa é que nesse AC você não faz uso da hidden blade, marca original de toda a saga, no lugar da espaço a uma ponta de lança quebrada para assassinar, usar habilidades e esta relacionada a história. 

O que faz melhorar essa monotonia do combate é a árvore de habilidades que é divida em 3 categorias: uma para arco e flecha, outra para combate corpo a corpo e por último a de assassino; cada categoria é bem completa e repleta de diferentes variações de skills e contam ainda com ultimates que são golpes mais poderosos. Cada uma favorece aos jogadores fazerem as melhores opções de combinações que mais lhe agradam.
O bom é que o combate flui muito bem quando esta em terrenos planos, só que o mesmo não pode ser dito quando se esta em determinados locais desnivelados; ficar num telhado ou sobre pedras batalhando se torna irritante as vezes com paredes invisíveis te atrapalhando ou botões que não respondem à determinado ataque. O jogo que é fácil vira difícil e faz você morrer em vão por causa desses bugs e problemas de programação, fazendo você planejar bem antes de iniciar um confronto mais prolongado no local que vai ficar.

A inteligência artificial (IA) de ACO é péssima, e isso ainda pegando leve. Todos os NPCs do jogo são burros e ineficientes pro que fazem, sejam eles simples cidadãos que estão fazendo figuração andando pela cidade, ficando travados em algum obstáculo no caminho ou pela sua reação à algo que esta acontecendo próximo dele, completamente inapropriado pra situação; caso sejam algum animal os mesmos ficam correndo aleatoriamente pela região ou travado em árvores e pedras; agora se forem qualquer tipo de inimigo, eles literalmente viram o vilão da IA porque são dotados de nenhuma inteligência, fazendo coisas sem o mínimo de lógica como por exemplo ao ver você, um invasor, num local proibido e ao seu lado um corpo de um colega deles, te ignoram, pegam o colega morto, jogam o corpo num buraco ou precipício, voltam pra sua posição inicial de ronda do local e tá tudo certo, é como se você nem tivesse ali. Poderia ficar horas falando da IA trágica, mas isso já é recorrente em todos os jogos da Ubisoft não é de hoje.  

Conforme falei no começo, Odyssey bebe do novo formato baseado em RPG, você possui nível de personagem que começa em 1 e vai até 99, itens respectivamente tem nível com atributos mais detalhados e variadas raridades (comum, raro, épico e lendário), pontos para usar nas habilidades, necessidade de juntar recursos (madeira, ferro,...) e moedas de ouro para evolução do personagem ou navio, dentre outras coisas relacionadas. Isso é bacana pois faz melhor uso do cenário no quesito exploração, ao mesmo tempo é mais desafiador e deixa o jogador com vontade de sempre querer mais e mais. 


Um ponto positivo com certeza é o nível de customização que seu personagem (e cavalo) possui, são inúmeros equipamentos de ataques (espadas, maças, lanças, arcos, etc) e defesa (elmos, braçadeiras, peitorais, etc) possibilitando assim centenas de itens com visuais únicos e até mesmo características únicas, com possibilidade de melhorar ainda mais eles através de ferreiros usando os recursos. Sem dúvida essa característica foi a melhor dentre todos os AC já lançados até hoje.

Uma novidade que nem é tanto nova pois teve presença inicial no Assassin's Creed Blag Flag é a volta de navios e batalhas navais mais refinada quase com zero bugs. Para realizar exploração de determinadas localidades do mapa e missões consequentemente é necessário fazer o uso de seu navio, fundamental para incrementar ainda mais sua aventura que em certo ponto vai estar com falta de variedade, porque ficar andando/cavalgando sempre em terra vira um mesmice em alguma hora. É nesse momento que desbravar o mar e enfrentar diferentes inimigos que vão desde piratas, persas, até as tropas espartanas e atenienses vai ser a melhor coisa do mundo, atacando-os com flechas de fogo e lanças e depois invadir seus navios e partir para um confronto corpo a corpo é algo que elava a experiência e deixa um prazer enorme. Não posso esquecer de mencionar que também é possível customizar sua tripulação e navio visualmente, e melhorar suas características de ataque e defesa.  


Como o jogo se passa na Grécia antiga, obviamente não poderia faltar figuras históricas da época de políticos, filósofos/pensadores, escultores, historiadores, estrategos, dramaturgos, religiosos e oradores. Quem nunca ouviu falar do filósofo Sócrates ou do espartano Leônidas, existem muitas outras referências e mencionando alguns poucos como Fídias, Alcibíades, Heródoto, Péricles, Aspásia que tem espaço garantido em sua odisséia. Não poderia faltar também localidades importantes da época, Atenas é uma cidade gigantesca e cheia de detalhes, Argos menor mas não menos importante, dentre várias outras desse mundo grego.
Não poderia deixar em branco os Deuses; Zeus, Atena, Poseidon, Ares, Hades, Ártemis e Apolo são referenciados quase que de forma constante em todos os diálogos e visualmente com estátuas, templos, altares e pinturas; acontecendo de forma idêntica com semi-deuses, guerreiros famosos e criaturas míticas, exemplo de Héracles, Perseu, Medusa, Ciclope e tantos outros. É bem legal que todos eles possuem itens dedicados a estes e sempre com poderes e atributos adicionais. 
Só que eu particularmente esperava a participação direta dos Deuses na trama, influenciando os humanos das mais diversas formas mas tomei um balde de água gelada, pois eles não aparecem e são apenas cultuados (na DLC é resolvido).


A direção de arte do jogo é lindo, com diferentes paisagens e biomas em cores vibrantes e com ciclos de dia/tarde/noite, que vão desde pequenos povoados até mega cidades, de pântanos à florestas densas, de pequenas ilhas à busca por tesouros em navios naufragados perto delas. Porém graficamente não segue a ideia de suas artes, olhando uma cidade de longe cheia de pessoas andando é bem bonita mas quando se aproxima de perto tem grotescas falhas de texturas, muitas demorando para carregar (umas levando até 5 seg) ou em baixa resolução, principalmente as montanhas e rochedos. A vegetação também sofre com tais problemas e consegue ser pior ainda porque arbustos e pequenas árvores parecem de plástico quando se mexem.
O clico dia, tarde, noite, madrugada deixa a ambientação diferente e mais atrativa de se jogar só que a iluminação e efeitos climáticos como névoa, estragam a experiência deixando visível várias faltas de acabamentos nos cenários; uma parte fica escura outra muito mais clara, as paletas de cores não se encaixam, nas cavernas é um sofrimento os efeitos de iluminação.
A falta de modelos de NPCs também é lamentável, com escassez da diversidade de rostos pros cidadãos e você esbarra diversas vezes com a "mesma pessoa" em diferentes ambientes. O pior fato é terem usado os mesmos modelos pros personagens principais da história, chegando ao ponto de não conseguir diferenciar um cidadão comum de um amigo próximo. 

Odyssey tem um mapa gigantesco, entrando pro record como um dos maiores já feitos em jogos. Mas do que adianta tamanho quando seu conteúdo é pouco, limitado e repetitivo.
Suas missões secundárias carecem de falta de atenção quando foram criadas com pouquíssima criatividade, sendo massivamente repetitiva com missões que deve ir do local A ao local B para matar alguém ou procurar algo. Tem centenas de regiões para fazer nada, a não ser ver ficar vendo montanhas, fauna e flora delas; são completamente abandonadas e inúteis, agregando em nada ao jogo. As cavernas de todo o jogo parecem que fizeram um copiar + colar, com modificações quase nulas de uma para outra além dos perigos contidos nelas. 
(resumindo: só pra perder tempo).


Disse no início, na história que uma das suas missões na jornada é "acabar com um culto misterioso", este chamado de Culto do Cosmo. Foi dedicado uma aba no menu interno só sobre o assunto, contemplando todo um dossiê informativo sobre seus membros conhecidos e os não conhecidos. Lado positivo este que te faz (ou obriga) correr atrás de missões específicas, descobrir localizações, fazer batalhas e juntar pistas sobre esses membros, tudo para desvendar todo o segredo que esse culto planeja perpetuar sobre o mundo grego.
Uma outra aba do menu interno é o sistema de mercenários que é parecido com o do jogo Terra-Média Sombras de Mordor (Senhor dos Anéis), que possui um ranking dos oponentes mais fáceis ao mais difíceis e cada mercenário é criado em tempo real com habilidades e características únicas. Os mercenários tem por objetivo te procurar e matar por uma recompensa caso você faça algo que infrinja a lei, muito similar ao sistema de procurado de GTA; seu personagem pode fugir deles, pagar o valor da recompensa ou enfrentá-los para ganhar mais experiência, dinheiro, recursos e até itens lendários. Esse sistema foi muito bem vindo ao Assassin's Creed Odyssey elevando o fator dificuldade do gameplay e é claro reduzindo a repetição e falta de conteúdo.

Em dezembro de 2021 foi lançado um outro mapa adicional de forma gratuita para fazer um crossover com o Assassin's Creed Valhalla, chamado Corfu. Nele Alexios ou Kassandra esta de "férias" e deve voltar a ativa em busca de tesouros perdidos. Mesmo chegando bem atrasado após lançamento de Odyssey em 2018, Corfu traz novidades em um pequeno mapa e pequenas melhorias que até então passaram batidas no jogo base.

O jogo tem dublagem e legendas em português do Brasil e em especial a dublagem, tem nomes famosos no elenco principal como Raphael Rossato que dubla Peter Quill em Guardiões da Galáxia e Letícia Quinto bastante conhecida pela Saori do Cavaleiros do Zodíaco. Uma coisa é certa, a dublagem brasileira consegue ser superior a todas as outras, até mesmo a americana. Pecam somente por não possuir traduções para conversas em tempo real dos NPCs que vagam pelos ambientes e não tem interação direta com seu personagem, não entendo nada o que falam pois é outro idioma.

Encerrando a análise, a Ubisoft não é chamada atoa de BugSoft devido aos grande números de bugs que seus jogos possuem. AC Odyssey mantém os mais variados bugs desde coisas bobas que não atrapalham em nada como animais e cidadãos voando, aos mais críticos que atrapalham seu progresso tal como cair em buracos e ficar preso, obrigando a carregar seu último salvamento.

Conclusão: Assassin's Creed Odyssey tentou entregar um mapa completo da Grécia com muitas horas de jogo e cheio de vida mas peca na qualidade e detalhamento, sua pobre inspiração para fazer missões, IA limitada e infinitos bugs atrapalham sua odisséia mas felizmente os jogadores que gostam da mitologia grega vão se sentir mais confortados ao verem a riqueza de informações e referências que possui (mesmo algumas sendo alteradas no jogo) e o novo gênero de RPG. 

Avaliação: Bom.

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